Blockchain vs. Computação Quântica
- Andreh Dhel
- 12 de jan.
- 3 min de leitura
por Andreh Dhel

Lembro durante minha faculdade de Administração, ter criado um paper na disciplina de Economia sobre moedas digitais, com foco em Bitcoin e Ethereum, em 2013, infelizmente, só entrei no mundo cripto no final de 2020. Ainda assim, como entusiasta da tecnologia, não poderia deixar de refletir sobre o que muito tem se debatido atualmente, a relação entre as blockchains e a tecnologia quântica.
Muito se discute sobre o impacto da tecnologia quântica no mundo das criptomoedas, especialmente no Bitcoin, que utiliza algoritmos de criptografia para proteger transações, endereços e chaves privadas. A ideia de que computadores quânticos poderiam quebrar essas barreiras de segurança é amplamente debatida. No entanto, será que estamos focando apenas no óbvio?
A visão comum é que a computação quântica representa uma ameaça direta à segurança das blockchains. Entretanto, acredito que isso não capta toda a complexidade do assunto. Em vez de pensar apenas em como ela pode comprometer as tecnologias existentes, cogitei considerar seu potencial para inaugurar um novo paradigma tecnológico que poderia rivalizar, ou até complementar as blockchains.
Para entender melhor, precisamos explorar a diferença fundamental entre a computação clássica e a quântica.
A computação clássica, com a qual toda a infraestrutura tecnológica atual é construída, funciona com bits binários: 0s e 1s. Já a computação quântica utiliza qubits, que podem estar em um estado de 0, 1 ou em uma superposição de ambos simultaneamente. Essa diferença não é apenas um detalhe técnico; ela cria uma barreira quase intransponível para a interação direta entre os dois sistemas.
Por exemplo, um computador quântico não consegue, por padrão, "entender" os protocolos de uma blockchain clássica. É como tentar abrir um arquivo do Windows em um computador com MacOS sem usar um conversor. Para que essa interação fosse possível, seria necessário desenvolver uma camada de tradução extremamente complexa. Além disso, mesmo que um computador quântico fosse programado para simular sistemas binários, ele enfrentaria desafios significativos. Blockchains dependem de redes descentralizadas e nós que operam sob protocolos rígidos. Qualquer tentativa de interferência precisaria “falar a língua” da blockchain, algo que não é trivial.
Outra questão importante é que a segurança das blockchains vai além da criptografia.
A estrutura descentralizada dessas redes garante resiliência por design. Mesmo que um nó fosse comprometido por um ataque quântico, outros nós continuariam verificando e validando a integridade da rede. Esse princípio, somado à redundância dos dados, torna as blockchains extremamente resistentes.
E não podemos ignorar os avanços tecnológicos que já estão sendo feitos para lidar com a computação quântica. As chamadas "blockchains pós-quânticas" utilizam algoritmos especificamente projetados para resistir a ataques quânticos. Um exemplo disso são as soluções baseadas em criptografia de curva isogênica, que oferecem proteção contra as capacidades de fatoração de computadores quânticos.
Mas o que realmente me fascina é o potencial da computação quântica para criar algo completamente novo. Assim como a blockchain introduziu os conceitos de descentralização, transparência e segurança, a computação quântica pode inaugurar um novo ecossistema tecnológico. Imagine redes descentralizadas baseadas em criptografia quântica, com velocidades de processamento incomparáveis, escalabilidade extrema e protocolos inovadores de consenso, como formas mais eficientes de Prova de Trabalho (PoW) ou Prova de Participação (PoS).
Será que a computação quântica representará o fim das blockchains ou será o início de uma nova era de tecnologias complementares?
Acredito que estamos à beira de um salto evolutivo tecnológico. O futuro pode não ser sobre uma tecnologia superar a outra, mas sobre como elas podem coexistir e redefinir os limites do que é possível.
E você, já pensou no que a computação quântica pode trazer para o mundo da descentralização e da segurança digital? Deixa aqui nos comentários sua posição a respeito desse tema.
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